Refilmagem da aventura de guerra feita em 1984 por John Milius, Amanhecer Violento atualiza uma improvável invasão dos EUA por um país do continente asiático, desta vez, a Coreia do Norte
Em 1984, uma pequena produção da United Artists intitulada Amanhecer Violento (Red Dawn), ingressou nos cinemas estadunidenses sob os apupos da crítica, mas ao mesmo tempo se tornava um grande sucesso junto ao público jovem que, além de dar-lhe uma bilheteria de US$ 38,7 milhões, também o elevou à categoria de
O filme, evidentemente, tinha os seus méritos estabelecidos em dois pontos: a direção de John Milius, um cineasta cuja fama de competente conquistara com filmes como O Vento e o Leão (1975) e Conan, o Bárbaro (1982) e o elenco formado por jovens atores talentosos, alguns dos quais viriam a se tornar famosos, como Patrick Swayze (1952-2009), C. Thomas Howell, Charlie Sheen, Lea Thompson e Jennifer Grey, entre outros.
A história, de co-autoria entre Kevin Reynolds e o próprio Milius (que com os fracassos dos filmes seguintes, Farewell to the King/1989, e Flight of the Intruder/1991, passou a se dedicar à produções de TV e a elaboração de um ou outro roteiro, como a série Roma), se passava nas montanhas de uma pequena cidade dos EUA onde um grupo de jovens civis combatia as tropas do exército russo que invadira o País. Afora isso, Amanhecer Violento, rapidamente saiu de cartaz e ganhou o esquecimento.
Já na época, o filme soara anacrônico. A Guerra Fria entre EUA x Rússia, em pleno processo de inanição em função do processo de esfacelamento financeiro do país comunista que gastava o que tinha e o que não tinha na corrida espacial e ainda sustentava financeiramente o seu próprio peso ideológico no aprisionamento de outras nações ao regime, já não oferecia mais perigo armamentista algum. O fim veio em 1990 ao som das picaretas derrubando o Muro de Berlim e Mikhail Gorbachev soprando as trombetas da morte do regime comunista por falência financeira e ideológica.
Mas eis que, agora, ressuscitam a história de Reynolds e Milius, tendo os chineses como os invasores. Carl Ellsworth e Jeremy Passmore, os autores do novo enredo, em meio às filmagens, tiveram que substituir os chineses pelos coreanos do norte. Interesses comerciais pesaram.
Coincidentemente, na atualidade, a Coréia do Norte, nação dividida e governada pelo lunático ditador Kim Kong-un, que herdou o poder com a morte do pai, ameaça os EUA e a coirmã do Sul como uma guerra termonuclear. EUA x Coréia do Norte vivem às turras desde o fim da 2ª. Guerra Mundial quando a Coréia foi dividida e o consequente evento histórico conhecido por Guerra da Coréia (1950-53).
Por mais que esse conflito preocupe o mundo com a possibilidade de uma guerra entre nações intercontinentais, em momento essa realidade se aplica ao filme. A nova história de Amanhecer Violento continua anacrônica, estranha e improvável. Não há como se dar crédito a um enredo que se estabelece através de uma invasão dos EUA por tropas norte-coreanas.
E, diferentemente do Amanhecer Violento original, o atual não chamou a atenção sequer do público jovem, ao qual se destinava. Não é, portanto, surpresa, que tenha sido um dos canos de bilheteria do ano passado ao custar US$ 65 milhões e arrecadar meros US$ 44,8 milhõs.
Outro aspecto relativo ao filme de 1984, é que no atual o elenco jovem não dá funcionalidade ao filme. O elenco, recheado de jovens atores, é um desfile surpreendente de canastrões em cena. E olha que tem gente tida como promissora: Josh Peck, Josh Hutcherson, Isabel Lucas, Connor Cruise (o filho adotivo de Tom e Nicole Kidman), Adrianne Palicki. Nem Chris Hemsworth, o Thor, escapa.
Amanhecer Violento se tornou uma armadilha para o diretor estreante Dan Bradley, ex coordenador de dublês e diretor de segunda unidade de filmes como Homem-Aranha 2 (2004), Supremacia Bourne (2005), Superman – o Retorno (2007), 007 – Quantum of Solace (2008) e Missão Impossível – protocolo Fantasma (2011), que se esforça para dar seriedade a um enredo risível.
Amanhecer Violento se destina única e exclusivamente para os adeptos de filmes de ação cujo interesse reside apenas na violência. Lembrando que a produção foi desenvolvida para ter uma continuação. Ou seja, nem um desfecho de verdade o filme tem.
Ficha técnica
Amanhecer Violento (Red Dawn, EUA, 2012), de Dan Bradley, com Chris Hemsworth, Josh Peck, Josh Hutcherson, Isabel Lucas, Connor Cruise e Adrianne Palicki. Imagem Filmes. 93 minutos. 14 anos.
Veja o trailer do primeiro Amanhecer Violento, datado de 1984, disponível nas locadoras.
Clique aqui para assistir o vídeo inserido.
O post AMANHECER VIOLENTO – o remake do improvável apareceu primeiro em Blog de Cinema.